“…o riso está por toda a parte, obsedante, obrigatório, tirânico. Tudo contribui para isso: a licença, a inversão, as máscaras, o vinho. Mais que uma festa de Saturno, é uma festa do riso, e, como em todas as festas, o riso é mais ruidoso quando não se sabe do que se ri. O retorno à idade de ouro primordial é o retorno ao riso, e o riso retira o indivíduo de seu ambiente cotidiano, transgride os limites e as regras. É um riso-evasão que, como o riso grotesco, aniquila o mundo real, anula o tempo. Para que a ilusão seja completa, é preciso eliminar os refratários, os mantenedores do mundo sério, que, com sua face grave, lembram aos foliões que sua festa é uma mentira. É preciso sugá-los, lambuzá-los, zombar deles, submergi-los no riso coletivo dissolvente. Não há nada mais intolerante e impiedoso que uma assembleia de pessoas que riem.”
- Fragmento do capítulo O Riso unificado dos latinos do livro A História do riso e do escárnio de Georges Minois. Editora UNESP, 2003.
O riso unificado dos latinos O riso festivo das saturnais e das lupercais