Álbum de vídeos que registram os procedimentos da pesquisa.
A idéia de registro é utilizada como produto e produção. Isso significa que, na ação de registrar, está contido:
– a implicação para a finalização de cada imagem, de cada evento e dramaturgia de cada procedimento.
– o pensamento de quem registra, o pensamento de quem vê e o pensamento do dispositivo câmera.
Tanto gesto quanto registro possuem a mesma raiz etimológica, o verbo latino gerere. A diferença está no prefixo re, contido na raiz de registro (regerere), que designa trazer de volta, empilhar, coletar. A raiz regerere inaugura então o verbo regestus (particípio passado da raiz) que origina enfim registro.
Registro portanto é a ação de reproduzir, atualizar e arquivar o gesto.
Procedimento: Hiper-atenção.
Atenção total, às vezes fragmentada, outras generalizada do que se produz junto com outro corpo.
Pontos de produção: Movimento (interno-externo)/ Percepção (micro-macro)/ Olhar (o que vemos e o que nos olha)/ Tempo (em constante formação)/ Distância entre as coisas (espaços vazios e economia dos afetos).
Estranhamento: encontrar no toque do próprio corpo a sensação de tocar um outro corpo e encontrar no corpo a sensação do próprio toque ser de outra pessoa.
Espaço: levantamento inicial na prática 01 (chão-verticalidade), tridimensionalidade ativa junto do trabalho com os vetores, transformação da densidade do ar via tônus muscular.
Velocidade: ganho de velocidade a partir e sempre da compreensão da aerodinâmica da Estrutura* criada (Peso, extensão, intencionalidade e escuta do acontecimento). Coluna como eixo e linha fundamental.
*Estrutura é uma proposição coreográfica, criada por um ou vários corpos, com o intuito de sustentar e mover um sistema de relações e atravessamentos. É fundamental para a Estrutura considerar aerodinâmica, durabilidade e alto índice de adaptabilidade frente às crises interiores e exteriores ocorridas durante a prática do procedimento.
Procedimento: Falanges.
Procedimento organizado para o desenvolvimento e precisão das falanges, restabelecendo a percepção do estatuto de uma coreografia menor cotidiana, com o objetivo de ativar a relação boca-mãos, fundamental à comunicação.
Indicadores: o tempo – 30 minutos corridos/ A relação – ação nunca praticada sozinha.
Intenções: percorrer o universo da imaginação comunicacional; descrição de paisagens em escala de maquete; brincadeira que não tem e nunca terá função a não ser a percepção feliz e existencial em relacionar-se junto de algo ou alguém.
Procedimentos: Hiper-atenção e Falanges.
Eixos: coluna, o outro e a câmera. Tudo isso está implicado na produção de cada estrutura.
Vetores: boca, olhos, articulações – pescoço, ombros, cotovelos, pulsos, falanges, coluna, joelho e tornozelo. Relação de oposição e empatia junto da integridade.
Estranhamentos: encontrar no toque do próprio corpo a sensação de tocar um outro corpo e encontrar no corpo a sensação do próprio toque ser de outra pessoa. Os olhares dos performers nunca se cruzam. O toque como agente para invocar a memória das superfícies (roupa, tecido, espaço).
Espaço: produção de uma economia das distâncias entre os eixos, dilatação radical do tempo, precisão no abandono e volta da ação (arbitrariedade).
Procedimento: Empatia.
Prática para abertura e esgotamento da atenção com o intuito de gerar desde aquele que pratica até aquele que assiste, uma sensação conjunta de cansaço e relaxamento profundo.
Pontos de produção: Descrever milimetricamente o espaço com os olhos, perseguindo com calma, como câmera em plano sequencia, uma trajetória contínua, surfando pelas superfícies. Um olhar tátil.
Efeitos colaterais: Cansaço e consequente escorregamento da pele da testa e pálpebras para o centro do peito. Disponibilidade para o movimento espasmódico decorrente da resistência muscular superficial frente ao colapso de energia.